Conheça um pouco mais sobre a talentosa atriz Priscila Squeff

Em entrevista ao Agito Total, Priscila Squeff fala de sua carreira, a experiência de trabalhar com Tássia Camargo e o tema abordado no espetáculo "Se você me der a mão"


Como e quando você pensou em se tornar atriz? Teve apoio da família?

Eu sempre soube que queria ser atriz. Desde os 10 anos de idade eu pedia para minha mãe me levar a um curso de teatro, porque nem na escola nem no meu bairro tinha nenhum grupo. Mas ela não sabia muito bem onde procurar, então ficou por isso mesmo. Quando eu fiz 16 anos, cansei de esperar e fui eu mesma procurar. Peguei a lista telefônica (ainda não existia google na época!) e listei cerca de 05 escolas. Liguei uma por uma. Escolhí o Teatro Escola Macunaíma porque os horários das aulas batiam com os meus. Peguei o endereço e disse para a minha mãe me levar. Entrei no curso básico e me formei nesta escola três anos depois. Desde então tenho trabalhado na área. Meus pais sempre me apoiaram, ainda que com receio por não conhecer direito o meio artístico, mas me deixaram seguir atrás do que eu amava.


Você já fez inúmeras participações em espetáculos, inclusive musicais. Quantos espetáculos fez e qual (is) foi o(s) mais importante(s)?

Conto com cerca de 15 espetáculos de teatro no meu currículo. Não sei se tem um mais importante. Para mim o mais importante é aquele que eu estou fazendo no momento. Porém, posso citar "O Cravo e a Rosa", que eu fiquei em cartaz por 05 anos, tanto em São Paulo quanto em Belo Horizonte, onde abrimos o Festival Alterosa por duas vezes. Foi uma peça que me marcou muito porque fazer o mesmo personagem por todo esse tempo é um desafio, tanto para manter ele em crescimento quanto para redescobrir coisas a cada dia. Também trabalhei com a Imara Reis, que me dirigiu na peça "Non é Vero, é Verissimo", e que me ensinou muito. Fui dirigida pelo Wolf Maya numa peça que fizemos pela escola dele e  que foi uma experiência muito boa também. Trabalhar com ele foi ótimo, crescí muito como atriz, e conhecí amigos e parceiros de trabalho que até hoje estão comigo. Recentemente participei do CPT- Centro de Pesquisas Teatrais, coordenado pelo Antunes Filho e apesar de não ter estreado um espetáculo dele, participei por mais de um ano do processo de trabalho dele. Foi incrível. Ele tem uma magnitude de conhecimento impressionante e contribuiu muito para meu trabalho.


Para você qual a área mais difícil da dramaturgia? Qual te dá mais prazer e porque?

Não sei se tem uma área da dramaturgia que seja mais difícil que a outra. O teatro, para mim, tem sido mais desafiador porque é o que eu mais tenho trabalhado. Acontece no aqui e agora, ao vivo, sem direito a voltar e fazer de novo. Só na próxima sessão você terá a oportunidade de repetir. E você sentir todas aquelas pessoas te olhando e se envolvendo junto na história que está sendo contada é incrível. Te faz sentir especial mesmo. Eles mal sabem que especiais são sempre eles, sem platéia não ha teatro. Então eu posso dizer que teatro me dá muito prazer. Tenho uma pequena experiência em TV e cinema, este ano quero me dedicar a fazer mais. Cinema hoje é o meu grande sonho. Não acho que TV seja mais fácil de fazer. Muito pelo contrário, acho é muito difícil. Tem que ser muito bom ator para cortar uma cena e retomar de onde parou com a mesma intensidade. A TV e o cinema permitem o espectador ver o fundo dos seus olhos. Você não pode ser mentiroso. Aliás, a mentira não faz parte de nenhum ofício do ator. Nós trabalhamos sempre com a verdade e se há a verdade, não importa em qual área da dramaturgia, o ator vai sentir prazer em fazer.


Sua peça, "Se você me der a mão" é baseada em fatos reais da sua familia. Você acha que esse é um espetáculo que pode ajudar outras pessoas a enfrentar problemas como este?

"Se você me der a mão" nasceu de uma história baseada na minha família, mas não é um retrato fiel ao que aconteceu. Eu me inspirei no fato da minha mãe ter vencido um câncer de mama para fazer um projeto que falasse sobre isso, sobre a superação, mas nem tudo que acontece em cena aconteceu na minha vida. Aliás, a maior parte da peça é o resultado do processo criativo de uma autora, como a Regiana Antonini, que escreveu um texto ótimo e de um diretor como o Ernesto Piccolo, que é incrível e conduziu o espetáculo de uma maneira muito humana. Sobre ajudar outras pessoas, é o que eu espero que aconteça em todos os meus trabalhos. Se o que eu fizer em cena inspirar alguém a refletir sobre sua própria vida, me sentirei cumpridora do meu trabalho.

  
O câncer de mama é um assunto muito comentado na mídia e em campanhas sociais. Você tem ligação com alguma campanha relacionada a isso?

Sim. O espetáculo tem ligação com algumas campanhas de combate ao câncer de mama. Participamos da campanha "Eu amo meus peitos", feita pela Sociedade Brasileira de Mastologia, e também da campanha feita pela FEMAMA- Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama. Ambas as campanhas desenvolvem um lindo trabalho e focam na prevenção, que é o melhor caminho para se tratar o câncer de mama.


Foi sua idéia de construir essa história? Sua mãe te apoiou, ajudou a dar idéias ao espetáculo?
  
Sim, essa idéia foi minha e da minha mãe. Aliás, acho que muito mais da minha mãe! (risos). Quando ela superou o câncer, eu já fazia teatro e numa noite lá em casa nós estávamos conversando sobre várias coisas, e ela me disse que tinha vontade de fazer teatro. Eu disse que poderíamos usar o que ela passou para fazer uma peça. No início a idéia era ela fazer a personagem da mãe mesmo. Mas, ao longo do percurso os planos mudaram porque ela nunca trabalhou como atriz, não estudou teatro. Apesar que eu acho que ela é uma atriz nata. Eu já a ví numa peça que ela fez na faculdade (de pedagogia, ha uns 10 anos) e o trabalho dela foi ótimo!


Como surgiu a idéia de convidar a Tássia Camargo ao elenco?

O Ernesto Piccolo (Diretor do Espetáculo) conhece a Tassia ha muitos anos, acho que já trabalharam juntos no passado. Quando estávamos a procura de uma atriz para fazer a personagem, o Ernesto convidou a Tassia. O papel da mãe não é um personagem fácil, ela passa por vários conflitos no espetáculo (com o ex-marido, com a filha e com a própria situação em que ela se encontra na vida) e transita entre muitos momentos cômicos e dramáticos ao mesmo tempo. Então tinha que ser uma atriz que fizesse isso muito bem, que tivesse bagagem. Em outras palavras, tinha que ser uma ótima atriz, como a Tassia Camargo. A entrega dela para esse personagem é incrível. Ela conquista a todos durante a peça.


Como é trabalhar com a Tássia? Vocês apresentam muita cumplicidade no palco, já eram amigas antes dos ensaios?

Trabalhar com a Tassia tem sido ótimo. Não tenho nem palavras para dizer o quanto aprendo com ela. Ela é uma atriz completa, com atributos em cena e fora dela. É muito culta, conhecedora de teatro mesmo. Nos conhecemos quando o Neco (apelido do diretor) nos convidou para uma leitura na casa dele. Só tem duas personagens na peça, a filha e a mãe, então tinha que existir uma química muito forte entre nós duas. Fomos nos tornando amigas durante o processo de ensaio e descobrindo em cena, juntas, uma cumplicidade muito forte. Tenho um afeto enorme por ela. Nos divertimos muito no camarim e conversamos sobre diversos assuntos, não só da peça. Damos muitas risadas juntas e isso é o mais gostoso. Com certeza é uma pessoa que vai ficar na minha vida.

  
Quando o espetáculo volta em cartaz?

Em setembro e outubro de 2012 faremos algumas viagens. Sei que estão confirmadas apresentações em São José dos Campos e Porto Alegre. Tem também algumas outras cidades programadas. Devemos fazer mais um mês de temporada aqui em São Paulo, entre outubro e novembro, e vamos para o Rio de Janeiro no início de 2013.

  
Qual foi a reação mais surpreendente de um espectador após assistir o espetáculo?

Um homem por volta dos seus 40 anos me abordou na saída do teatro, cheio de lágrimas nos olhos, e me disse que não falava com a mãe dele há 08 meses. Estavam brigados. Mas que a peça tinha mostrado a ele um lado que ele não enxergava e que iria ligar para a mãe dele para se reconciliarem. Lindo, né?


O que sua mãe achou do espetáculo?

Ela adorou. Aliás, sempre que podem ela e toda a minha família vão assistir a peça. Já tiveram vezes que eles nem me avisaram, pagaram o ingresso e eu só os ví quando as luzes se acenderam no final.



Agradecimentos: Talentmix

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