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Você clica no botão de play em “Mudei”, novo single de Kell Smith que sai em todas as plataformas digitais via ONErpm, pelo Midas Music, e ao final dos três minutos e meio somente uma pergunta importa: de onde a artista extrai uma canção tão linda?
Kell acha graça na consideração. Pensa que é uma pergunta retórica, do tipo: “Como vai, tudo bem?”. Mas não. É para valer. Pois conte o segredo. “O que posso falar é que observo muito as pessoas, pois me encontro nos outros. A (minha) música sempre vem dessa troca, de enxergar o outro sob a minha perspectiva. Esta vem também de um caos recente por que passei, transformei isso em arte”, diz.
A resposta traz duas considerações importantes sobre Mudei. O caos a que ela se refere foi um caos emocional, escancarado na letra, em “Achei que nunca fosse superar/A dor que é perder alguém e ter de continuar”. A transformação em música veio mais uma vez com a parceria com o produtor Rick Bonadio, em assinatura que vem ganhando tom verde-e- amarelo de Lennon/McCartney de qualidade. Rick pegou a música e foi direto: “Até tal parte está belíssima. O restante está denso, não é você”.
“(No caos) Ele me acolheu como se acolhe uma pessoa da família. Nossa relação é intensa, visceral, deliciosa e terapêutica. (Ele) É um artista inquieto, louco, em desconstrução. Eu o amo”, diz Kell. O resultado do remodelamento de Mudei traz uma MPB contemporânea e pop, levada no violão, baixo, bateria, piano, com um arranjo de cordas de arrepiar no refrão final.
Esta é a maneira, digamos, classificável e descritiva da música. Pois existe um componente indescritível. Kell traz em tudo o que canta um ingrediente para o qual não existe vocabulário. Você pode tentar fisgá-lo no pré-refrão, quando ela modula a voz para explodir em catarse no ápice da música, mas será como a analogia que a própria Kell faz com borboletas para falar das mudanças recentes por que passou. “Se você tentar prendê-las, irão lutar com a vida para escapar. Se você abordá-las com suavidade, se aproximarão de você”, diz.
É como você fisga esse ingrediente tão peculiar de Kell e presente em Mudei - uma assinatura que foge à descrição em texto ou palavras e que a torna uma artista tão rara. Algo que ela não perdeu com o sucesso, com o prêmio de ter se tornado a artista mais ouvida do país, e que traz desde que sua vida mudou aos 11 anos quando ganhou do pai o disco “Falso Brilhante”, de Elis Regina.
“Os últimos anos foram muito, muito, muito intensos. Foi uma descoberta. De tantas de mim, qual é minha essência? Pode ser a mistura de todas. Enxergo ainda a menina que ganhou ‘Falso Brilhante’. Sou cada música que canto, cada maquiagem que tiro, cada roupa que troco”, arrisca a resposta.
Ouça aqui: https://ONErpm.lnk.to/KellSmith
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